domingo, 11 de dezembro de 2011

O Xaréu do Molhe

Hoje vou contar uma história real que se passou comigo e com mais dois amigos de caça, o Pedro e o Roberto.

Até poderá parecer ficção mas, na verdade é pura realidade.

Numa bela noite de sexta feira, depois do treino de apneia “duro” como sempre, treinos esses que eu e outros companheiros praticamos com assiduidade, como forma de complemento para a prática da caça submarina, eu e mais dois camaradas de lide decidimos agendar para o dia seguinte uma jornada de caçasub no “molhe da Pontinha”.

Em termos pessoais, considero o “molhe da Pontinha” um dos spots da Ilha da Madeira onde, a qualquer momento tudo pode acontecer … mas mesmo tudo!!!

Depois de uma noite bem dormida, em função da “estafa” da noite anterior (e aqui deixo um apelo à vossa imaginação), quando eram 07:00 horas da manhã lá toca o despertador, como forma de alvorada para o dia que estava a brotar.

Faço aqui um pequeno parêntese apenas para dizer o quanto sabe bem levantar cedo quando o objectivo é ir para o mar.

Escusado será dizer que, em três tempos, a mochila já estava às costas, o saco das armas numa mão e o cesto na outra mão.

E lá fui eu ter com os meus amigos Pedro e Roberto ao local previamente combinado para o encontro.

Após o briefing do costume nestas coisas do mar, lá fomos nós preparar-mo-nos para a jornada de caçasub que estava prestes a começar.

Num ápice, lá estávamos os três, eu o Pedro e o Roberto dentro de água.

Aquilo é que foi dar à barbatana e … peixe, nada!!

O mar estava com alguma corrente de superfície mas nada que não pudesse ser ultrapassado e a água estava algo turva.

Foi então que, a dado momento, o Pedro prepara um mergulho e desaparece mar abaixo, ficando eu e o Roberto a montar segurança.

Passado algum tempo, ouvimos o tradicional barulho do arpão a “roçar” nos catrapos, o que, por vezes é perfeitamente normal para quem quer apanhar determinada espécie de peixe naquele spot.

No final do mergulho, lá aparece o Pedro à superfície completamente eufórico e, quase sem respirar nos disse qualquer coisa como isto:

“ … Car(…)lho, meu!!! (ele é de Biana, Biana com B) dei com o ferro num xaréu para aí com uns cinco quilos e o sacana entocou, cortou o monofilamento e levou-me o arpão!!!

É verdade, a partir daquele momento o Pedro ficou com a arma inutilizada e para azar o dele tinha acabado a caça, uma vez que ninguém tinha levado uma arma alternativa.

O Pedro  lá ia continuando com os seus mergulhos e sempre com o ouvido bem apurado, cada vez que ia para o fundo, com a esperança de poder ouvir o arpão a roçar nos catrapos. ao passo que eu e o Roberto ia-mos continuando com a nossa “faina”.

À medida que eu e o Roberto caçava-mos uns belos sargos veados bem gordinhos lá no fundo dos catrapos, o Pedro ia varrendo as imediações do local onde tinha furado o xaréu.

De repente, quando estávamos para vir embora, eis quando o Pedro dá um grito e ao mesmo tempo levanta um braço, de forma a indicar o local onde se encontrava, fazendo sinal para irmos ter com ele rapidamente.

Assim que chegámos junto do Pedro já ele me estava a tirar a arma da mão e a dizer ao mesmo tempo: “ … está ali o sacana!! “ ao mesmo tempo que apontava para um dos buraco nos catrapos.

Praticamente sem preparação, o Pedro mergulha com a minha arma e, em três tempos, desaparece dentro do buraco.

Eu e o Roberto ficámos a olhar um para o outro sem saber bem o que fazer!!!

Passados uns bons segundos, lá aparece o Pedro, vindo do buraco onde supostamente estaria o xaréu.

Chegado à superfície, o Pedro nem perdeu tempo a dizer que o xaréu estava ali enfiado no buraco mas numa posição de difícil tiro.

Passados uns minutos, o Pedro prepara novo mergulho e antes mesmo de mergulhar disse-nos para nós ficarmos de olho nele.

… e lá foi o Pedro mais uma vez tentar a sua sorte.

O Pedro desaparece de novo no buraco e o tempo passa …

Foi então que, à superfície, lá ouvimos o tal barulhinho do arpão a roçar nos catrapos como sinal de que o Pedro, pelo menos tinha feito o gosto ao dedo.

Eu e o Roberto mergulhámos até à entrada do buraco para ver o que se estava a passar e, naquele momento, o Pedro sai com a arma numa  mão e a outra mão a controlar o carreto.

Chegámos todos à superfície e o Pedro inicia a recuperação do arpão quando, por fim aparece lá aparece o xaréu com os dois arpões bem ferrados.

Simplesmente fantástico!!!

Escusado será dizer que fizemos uma grande festa dentro de água!!!

De forma a complementar esta história verídica, termino com esta bela frase que se enquadra perfeitamente no contexto:

“ A Persistência é o melhor caminho para o êxito.”

Charles Chaplin

1 comentários:

Anónimo disse...

catrapos? Não será tetrapodes? Não leve a mal a correcção :)