Quando me iniciei nestas lides da caça submarina, um belo dia combinei com o João e fomos os dois caçar para a zona da Atalaia.
Era para aí a a minha quarta ou quinta vez que ia ao mar.
Nas primeiras vezes que fui ao mar, era rara a noite que dormia descansado sem pensar como seria o dia seguinte no mar.
Eu chamava-lhe “ o nervoso miudinho”.
Na verdade, imagino que o que se passou comigo naquela altura, passou-se e há-de continuar a passar-se também com a maioria dos caçadores submarinos quando se iniciam na prática desta actividade.
Depois, á medida que o tempo passa, a experiência vai imperando sobre os nossos sentidos e, a partir daí, as coisas começam a evoluir com naturalidade.
Mas voltando novamente atrás, lá fui eu e o João a caminho da Atalaia, ainda o dia era uma criança.
Chegados ao local, começamos a descer por uma falésia em direcção ao mar, já com o fato vestido, o cinto de chumbos à cintura e a arma e o resto do material nas mãos.
O João, como sempre, foi o primeiro a chegar e a entrar na água e, quando eu ia para o fazer, reparei que me faltava qualquer coisa … as barbatanas!
É verdade, tinha-me esquecido das barbatanas em cima do carro, na altura em que me estava a equipar e, por causa da pressa do João, nunca mais me lembrei das barbatanas em cima do carro.
Lá tive de subir novamente a falésia em direcção ao carro para ir buscar as barbatanas que estavam exactamente no local onde foram deixadas.
Agarrei nelas e desci novamente para o local onde o João tinha entrado na água.
Quando entrei na água, já o João se encontrava a mergulhar numa baía à esquerda do local onde entrámos na água.
Logo ali, comecei a aquecer o pulmão com umas apneias e, para aí ao terceiro ou quarto mergulho, visualizei um belo bodião cinzento com cerca de dois quilos a comer na parede, para aí a uns 15 metros de fundo.
Pensei eu: “ … que belo exemplar!!! “
Mergulhei um pouco afastado da parede onde o bodião estava a tomar o pequeno almoço e desci sempre encostado à parede até conseguir alcance de tiro e quando tive oportunidade, disparei, acertando-lhe em cheio.
Quando me preparava para tirar o peixe do arpão, o bodião escapa-se da minha mão e afunda para uma quota que, naquela altura, ainda não me sentia preparado “ para pisar aqueles terrenos “, refugiando-se numas rochas a mais de 20 metros de fundo, restando-me apenas ficar a observá-lo.
Bem, a caça submarina é mesmo assim e decidi nadar na direcção do João e continuar a caçar.
Ao fim de duas horas, eu e o João decidimos voltar para terra já com os nossos peixinhos no enfião e, de repente, numa pedra, reparo num belo bodião, equivalente ao que tinha perdido no inicio da jornada.
Pensei logo que os Deuses estavam desertos que eu levasse um belo bodião para casa naquele dia.
Por isso, decidi preparar novo mergulho e tentar a sua captura.
Mergulhei com o objectivo bem definido e, quando me aproximei do peixe, reparei que “ estava lascado “ mas, sem demora estico a arma, aponto firme e disparo.
Novamente em cheio e, escusado será dizer que à segunda foi de vez!!!
É verdade, aquele bodião era o mesmo que eu tinha furado há cerca de duas horas atrás.
Pesou 1,7Kg na balança.
Quando cheguei à superfície, mostrei ao João o bodião furado por duas vezes, tendo ele me dito, na altura:
“ … tens mais sorte que juízo!!! “
Na verdade, tive sorte, mas sorte … sorte …. sorte, teve ele umas semanas depois, no Porto da Cruz, mas isso fica para uma próxima história.
Posted by: jotasub
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