Um dos meus spots preferidos para a prática da caça submarina na Ilha da Madeira, fica localizado na zona do Porto Moniz.
Por isso, sempre que posso e, sempre que o mar assim o permite, lá vou eu com a tralha às costas.
Há cerca de dois anos atrás, por alturas do Natal e, aproveitando as boas condições que o mar proporcionava na altura, lá fui eu para o Porto Moniz, juntamente com um amigo tentar a nossa sorte.
Pelo caminho, a caça submarina foi o tema da conversa, como não podia deixar de ser.
Mal entrámos na água, o meu amigo, com pouco mais de dois metros de profundidade, observa um cardume de sargos a entocar, mergulha, mete a cabeça no buraco e, de repente, faz uma dupla de sargos veados, o que previa uma boa jornada.
Mais à frente, avisto um cardume de charuteiros que teimavam em não querer entrar no meu campo de tiro.
Faço a preparação para o mergulho e, decido mergulhar para tentar a minha sorte com um agachon.
O fundo marcava 16,1 mts no meu “suunto” e ali permaneci imóvel, esticando a minha apneia ao máximo e …. nada!
Volto para a superfície e tento normalizar a respiração rapidamente com o objectivo de fazer nova baixada.
Sempre na ânsia do cardume de charuteiros voltar a aparecer, decido fazer novo agachon e, desta vez, lá entraram as feras.
Assim que tive oportunidade, apontei ao maior exemplar e disparei.
Bingo!!
Abri o carreto ligeiramente, de forma a trabalhar o peixe até à superfície.
Na superfície, ao mesmo tempo que ia normalizando a respiração, ia enrolando calmamente o foi no carreto com o charuteiro sempre a dar luta.
Ao fim de pouco tempo, já tinha rematado e colocado no enfião da bóia um belo charuteiro com cerca de 5 kg.
Pensei para comigo: “ isto promete…”
Assim que voltei a carregar a arma, qual não foi o meu espanto quando o cardume de charuteiros apareceu novamente de volta para me visitar.
Sem preparação, mergulho novamente para aí a uns dois ou três metros de fundo e consigo alcance de tiro, pelo que decido atirar noutro exemplar do mesmo lote do primeiro.
… dois zero!!!
À medida que recolhia o arpão, o cardume não largava o charuteiro capturado e, naquela altura, decidi manter o charuteiro no monofilamento e, de seguida carrego novamente a arma, aponto ao mais próximo e … táuuuuuuuuuu.
Já está!!
Mergulhei e fui rapidamente agarrar a ponta do arpão para me certificar que nenhum dos charuteiros se fosse embora.
À superfície, com a situação controlada, rematei os dois exemplares capturados e fui colocá-los no enfião ao pé do irmão.
Volto a carregar a arma, de repente, a pensar que a festa ia continuar mas o cardume “ decidiu ir ver se estava a chover”.
Entretanto, o meu amigo matou mais alguns bodiões bem gordinhos e, a dada altura, nadei para junto dele e perguntei-lhe como estava a correr o dia ao que o mesmo me respondeu que já tinha feito a sua quota, pelo que ia mais para junto da costa para se dedicar à apanha de lapas.
E naquele momento, nadamos ambos em sentidos opostos e sem nos apercebermos, as boias “ engatam “ uma na outra e, em consequência, cada um de nós sentiu um “puxão” no floatline seguido de um alívio de tensão do mesmo.
Inconscientemente, nadei no sentido da bóia e quando chego perto da mesma, qual não é o meu espanto, reparo que o enfião com o peixe tinha desaparecido da bóia.
Veio-me logo à ideia de que o tal “puxão” teria sido obra de algum tubarão que por ali tinha passado e que decidiu “comprar barato”.
Naquele instante, gritei para o meu amigo que também já tinha nadado no sentido da sua bóia e por conseguinte também já tinha reparado que também já não tinha o seu enfião na bóia.
Foi então que combinámos nadar para terra e sair da água, com receio que o tal predador por ali aparecesse para o lanche.
Já com os pés bem assentes na terra e com a cabeça mais calma, em conversa, colocámos então a hipótese das bóias se terem cruzado em sentidos opostos, prendendo-se entre si, tendo causando o incidente.
Imaginámos o local onde supostamente teria acontecido a cena e decidimos entrar novamente na água e nadar para o local e …. foi tiro e queda!!!
Após alguns mergulhos, lá demos com o meu enfião intacto com o mosquetão e os três belos charuteiros.
O enfião do meu amigo é que nunca mais o vimos, pelo facto do monofilamento ter partido.
Por isso, tivemos de fazer umas horas extras para recuperar o peixe perdido e só depois é que nos dedicámos à apanha da lapa.
Enfim, como em qualquer outro dia de caça submarina, este dia foi um dia muito bem passado, à excepção da fuga, é claro!!!!
Posted by: jotasub
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